Atividades criativas ajudam o cérebro a envelhecer mais lentamente, mostra estudo internacional
20/10/2025

COMPARTILHE
Dançar, tocar instrumentos, pintar ou até jogar videogame pode proteger o cérebro do envelhecimento. Pesquisa publicada na Nature Communications teve participação de pesquisador da Universidade de São Paulo (USP).
Um estudo internacional publicado na revista científica Nature Communications mostrou que se envolver em atividades criativas — como dançar, tocar instrumentos, pintar, cantar ou até jogar videogame — pode retardar o envelhecimento do cérebro.
A pesquisa analisou dados cerebrais de mais de 1.400 participantes de 13 países e descobriu que pessoas que praticam atividades criativas com frequência têm cérebros “mais jovens” do que aquelas que não cultivam esses hábitos.
“Não é que o cérebro rejuvenesce — ele envelhece mais lentamente”, explica o neurologista Renato Anghinah, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do estudo.
“O cérebro dessas pessoas mantém sua capacidade de resposta e de criação por mais tempo.”
O que a ciência descobriu
A equipe usou modelos computacionais conhecidos como brain clocks (“relógios cerebrais”) para comparar a idade biológica e cronológica do cérebro.
Entre os grupos analisados — dançarinos, músicos, artistas visuais, jogadores de videogame e pessoas que não praticavam nenhuma atividade criativa —, os resultados foram claros:
- os que se envolviam regularmente com práticas criativas tinham cérebros mais jovens e conexões neurais mais eficientes.
- Os chamados “não praticantes” — grupo usado como controle — apresentaram o padrão esperado de envelhecimento cerebral, sem os ganhos observados nos criativos.
- Já os aprendizes, que começaram recentemente uma atividade, mostraram melhora intermediária: os benefícios aparecem mesmo após poucas semanas de treino.
O efeito foi ainda mais evidente nos dançarinos de tango, cujos cérebros pareceram até sete anos mais jovens do que a idade real.
Segundo Anghinah, isso acontece porque a dança combina movimento, coordenação, música e improviso, ativando várias regiões cerebrais ao mesmo tempo.
“A dança é uma atividade completa: exige coordenação motora, planejamento, resposta rápida e criatividade. Tudo isso faz com que o cérebro crie mais conexões e mantenha essas redes ativas por mais tempo”, explica o pesquisador.

























